Hoje eu tenho muita tranquilidade para falar sobre o assunto, consigo enxergar o panorama da situação da época e, principalmente, consigo me perdoar.”

Olhando para trás, acho que sempre tive depressão.

Eu me sentia só quando era criança, mas não sabia expressar isso de forma clara.

As crianças não expressam bem esse sentimento de solidão e de tristeza.

Foi quando comecei a escrever.

Para tentar entender o que estava sentindo.

Para tentar tirar isso de dentro de mim.

A leitura também foi muito importante para tentar entender minhas emoções – e, afinal, o que ia errado em mim.

E o que se perguntamos sempre né!? Onde errei como filha, irmã, mãe e mulher…

As respostas e as razões são complexas, mas claramente estamos frente a uma humanidade cheia de questões e que precisa de um olhar mais carinhoso e paciente.

Ainda assim, os alertas mais básicos valem ser lembrados: está mais quieto, fica muito tempo trancado no quarto, fala pouco, se irrita com facilidade, baixou o rendimento no trabalho ou no esporte, o círculo social diminuiu… é sabido que quanto mais laços sociais com a família e a comunidade o menores são as taxas de suicídio. Mas isso é um olhar, um recorte de um contexto complexo e dolorido, é que muitas vezes não temos.

Problemas chegam, você acha eles enormes, assustadores, pensa que está sozinho no mundo.

” Mas a gente é muito maior que qualquer problema.”

Cometer suicídio pode ser um ato grandioso de coragem, mas é também um choque violento de fragilidade.

É um grito, uma fala de quem não conseguiu se comunicar por outras vias.

Em que ponto se chega para achar que nada, nada mais tenha sentido?

Que lugar é este tão profundo que eu me deparei e não fui capaz de ver – e sentir – ajuda?

Duvidar da vida não é lugar de fraqueza.

Não pode ser.

O suicídio é uma decisão tomada num momento de tristeza e sofrimento profundos, por isso é importante a construção de espaços para que pessoas possam falar sobre e trabalhar essas emoções sem que elas cheguem no ponto de insuportáveis.

A causa do suicídio está muito conectada à depressão, mas existem outros fatores que podem conduzir ao ato.

O suicídio envolve questões socioculturais, genéticas, psicodinâmicas, e ambientais.

Na quase totalidade dos casos, um transtorno mental como depressão, por exemplo, é um fator importante para que culmine no suicídio – quando somado a outros fatores.

Segundo a OMS (2018), estudos mostram que em 90% dos casos de suicídio caberia um diagnóstico de transtorno mental e, assim, poderiam ser precavidos.

Esse dado reforça o reconhecimento da depressão grave ou profunda como um dos principais indicadores de risco de suicídio.

Falar do assunto é uma forma de prevenção.

Quando um tema é tabu, não o debatemos abertamente e o evitamos.

Além do assunto ter de ser combatido todos os meses do ano, não só em Setembro, ele também precisa ser sim trazido à tona.

Saiba que falar de suicídio não vai agravar o problema.

O suicídio não é um tema novo na sociedade, uma vez que os primeiros relatos que temos de sua abordagem nos levam à antiguidade. Ignorado, por medo ou culpa, o suicídio permanece no limbo dos temas que muitos evitam.

A falta de informações sobre o tema acaba contribuindo para que o suicídio seja tratado como um tabu e as famílias sejam vítimas de preconceito.

Discutir o assunto e lutar contra esse estigma, falando abertamente sobre o tema, já propicia um espaço de escuta e acolhimento que pode salvar vidas.

Aprenda a reconhecer os sinais de alguém que pode vir a cometer suicídio.

É importante notar mudanças comportamentais para diagnosticar com antecedência e, assim, prevenir o sofrimento emocional intenso.

Repare nas mudanças a seguir:

Tristeza intensa e prolongada por várias semanas;

Postagens relacionadas ao suicídio e depressão profunda nas redes sociais;

Falta de esperança e de planos para o futuro;

Perda de interesse em atividades que antes davam prazer;

Distanciamento;

Agressividade (principalmente em jovens);

Perda de apetite

Algumas expressões são comuns durante uma ideação suicida.

Encará-las como um pedido de ajuda é fundamental.

Não menospreze o significado de frases alarme como:

“Quero desaparecer/sumir.”

“Vou deixar vocês em paz.”

“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”

“Estou tão cansado que não quero continuar”

“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu já tentei de tudo.”

O que se deve fazer diante de uma pessoa sob risco de suicídio?

É muito importante ressaltar que a prevenção do suicídio é responsabilidade política, social e um esforço de toda a comunidade. 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ter sido prevenidos, segundo a OMS.

Incentive a pessoa a procurar ajuda profissional de serviços de saúde, grupos de apoio ou em algum serviço público.

Seria interessante, se os sinais forem muito intensos, acompanhá-la a um atendimento.

Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha.

Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.

É importante entender melhor as causas para reconhecer sinais, se não com você, com pessoas do seu ciclo e coletivo.

Depressão não é frescura, tristeza não deve ser reprimida e se informar sobre isso é mais do que necessário.

Deve-se sempre evitar atitudes de censura ou julgamen­tos, utilizando uma abordagem de acolhimento e de cuidado.

Família e amigos devem ficar muito atentos em casos de tentativa de suicídio e repentina melhora, que é comum.

Se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la.

É um sinal e deve-se garantir um acompanhamento.

O que NÃO fazer com uma pessoa que pensa em suicídio.

O diálogo e a transparência são elementos fundamentais na prevenção do suicídio. Porém, existem vícios de linguagem que acometem a erros graves que podem ter um efeito oposto do que o esperado.

Por mais que a intenção seja de ajudar, essas expressões não devem ser ditas em hipótese alguma, e é importante usar uma linguagem de caráter empático.

Para ajudar alguém com ideações suicidas, exclua expressões como:

“Você precisa dar valor a sua vida”

“Você é mais privilegiado que muita gente”

“Confie em Deus e tudo vai dar certo”

“Você é mais forte que isso”

Incentive a busca de ajuda profissional.

Amigos e familiares podem dar um conforto necessário para passar por momentos difíceis. Mas o acompanhamento profissional é importante em boa parte dos casos.

Por isso, poder falar com um especialista em saúde emocional pode fazer toda a diferença.

Luciane Dutra

Meu objetivo sempre foi poder ajudar as pessoas de alguma forma, seja no ambiente pessoal ou profissional, e hoje início a jornada mais eletrizante da minha vida, meu Blog, onde posso compartilhar história da vida real para você, de uma maneira única. Obrigado por sua visita, você é especial!

By Luciane Dutra

Meu objetivo sempre foi poder ajudar as pessoas de alguma forma, seja no ambiente pessoal ou profissional, e hoje início a jornada mais eletrizante da minha vida, meu Blog, onde posso compartilhar história da vida real para você, de uma maneira única. Obrigado por sua visita, você é especial!

One thought on “Não tá tudo bem, mas vai ficar“”
  1. Excelente conteúdo ! É bom saber que temos pessoas com olhar tão empático e se preocupam com a humanidade ! Obrigada pelas dicas ! É importante saber identificar alguns sinais e pelo menos tentar ajudar as pessoas .

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