Embora algumas empresas discutam suas vulnerabilidades, o discurso-padrão é o de que as companhias nunca falham. Mas essa mentalidade é prejudicial.
Faz parte da natureza humana a incansável busca por relacionamentos ideais. Em se tratando de carreira ou relações românticas, a tendência é sempre a mesma: apego à falível ideia de que há alguém, algo ou uma empresa — seja qual for o objeto de desejo — perfeita.
No entanto, perfeição significa “ausência de falhas ou defeitos, em relação a um padrão ideal”, e isso não existe, pois ninguém nem lugar nenhum é infalível.
“A perfeição é irreal e inalcançável.
O componente das organizações são as pessoas, que trazem em suas bagagens as falhas.
Portanto, não haveria a possibilidade de existir uma empresa perfeita.”
Embora algumas companhias já comecem a expor um pouco mais nas redes sociais suas imperfeições, reconhecendo seus erros, e estimulem que os líderes demonstrem vulnerabilidade, ainda há o discurso estereotipado de que aquele trabalho é o melhor do mundo ou de que aquela empresa é a melhor de todas.
Apesar de ser louvável a busca por construir um excelente ambiente de trabalho, disseminar a ilusão de perfeição pode ser altamente prejudicial para as empresas, culminado em funcionários frustrados com a realidade, que muitas vezes pode ser mais dura do que o prometido.
Quem nunca ouviu aquele dito popular que é atribuído ao filósofo chinês Confúcio:
” Trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar na vida”?
Impactante e motivador, mas extremamente romantizado.
Não há nada de errado em aspirar fazer algo que você ama — todo mundo quer uma carreira que seja gratificante e que pague as contas.
“O problema é ter uma visão idealizada do que constitui esse emprego perfeito, pois nenhum trabalho tem desvantagens zero, e não é realista esperar a perfeição de uma função específica, do empregador, ou de si mesmo. É um projeto do impossível”.
E tem sido nesse sentido que algumas empresas ainda estão se equivocando ao trabalhar o employer branding com muitos filtros e retoques, deixando de lado as fraquezas e oportunidades que também podem se ser bastante atrativas para os profissionais que querem ser protagonistas das mudanças. Impulsionadas pelas listas das mais amadas, das melhores e outros rankings, não é raro que companhias percam a mão e vendam realidades fictícias. O segredo é expor a atratividade potencializando o que há de bom, mas também deixar aparentes as oportunidades de melhoria, convidando os profissionais a evoluir junto com a empresa.